terça-feira, 1 de março de 2011

Parte I

Às vezes fico nas minhas aulas de matemática completamente aborrecida, e como não me apetece simpatizar com os números, peguei no meu caderno quadriculado, fui para o seu fim e comecei a pensar no que escrever.
Bloquiei.
Não conseguia formar uma única frase, e as que tentei formar foram imediatamente riscadas.
Entretanto achei que a melhor forma de comecar era escrevendo o que estava fazendo, este presente que no momento acabára a aula e passára para o meu passado.
Tenho a minha mala em cima da mesa com uma folha que fora destribuida , retirei as 14 pulseiras do meu pulso esquerdo, e comecei numa folha nova.
Meu telemóvel Nokia X3 estava a reproduzir: "3 doors down - Here without you" e eu comecei a criar o meu próprio espaço e pensamento enquanto ia recebendo mensagens de várias pessoas das quais ignorei. Queria aproveitar a imaginação que estava a consumir a minha cabeça.
Imaginei-me a girar de braços abertos na chuva numa cidade que desconhecia.
Caracterizava-se sendo composta por escuridão, solidão e um enorme vazio. Não havia alojamento, nada para onde esconder para que não ficasse molhada. Nem sequer pessoas existiam.
Ensopada percorria as pequenas ruas existentes.
Entrei numa especie de labirinto, que, por muitos caminhos que inventasse chegava sempre ao lugar onde girava.
Agora, pensei em dois adultos que continham cancro, que um fora descoberto cedo e outro que já fora tarde. Se houvesse cura não se sabia.
Vi ela a entrar em constante depressão, irritada com tudo e com vontade de sair desta vida, já ele, mantinha a pouca calma que sentia, e seguia sua vida enquanto as horas passavam.
Ela chorava e perguntava à propria: "porque fui eu ter filhos ?! Para desiludirem-me deste jeito ?!" , eu ficava a olhar e respondia: "Nunca te irei desiludir".

Não sei porque o fiz, ou porque o disse, só sei que respondi. 

Em poucos segundos esse pensamento desvaneceu.
(...)